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EXPERIMENTOS ONLINE: O fim do professor ou o início de um novo fazer docente?

  • Aline Farias, Gabriela Vidal, Vanessa Fischer
  • 5 de out. de 2016
  • 6 min de leitura

Uma das estratégias que vem sendo utilizada com maior frequência pelos educadores são os laboratórios de aprendizagem. As experimentações disponíveis nestes espaços proporcionam uma formação mais completa, pois o educando vivencia situações simuladas as quais sua profissionalização exige. E devido ao supracitado, estes ambientes exercem um papel importante no processo de ensino. Sendo seu objetivo principal a complementação da formação acadêmica, não apenas nas áreas científicas, o uso do laboratório vem se expandindo com maior freqüência em cursos como psicologia, educação, artes, etc. Os experimentos são classificados em: Presencial, Remoto e Virtual (SCHMITT e TAROUCO 2008). Sendo o último o foco desta postagem.

Os avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) constituem atualmente uma nova concepção na criação de recursos destinados à educação. Suas contribuições têm auxiliado significativamente nas estratégias e no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando ferramentas que redirecionam o ensino, qualificando de forma mais completa o profissional em formação.

Com a ampla oferta de cursos e o forte crescimento na Educação a Distância (EAD), os laboratórios passaram a ser desenvolvidos em outro ambiente de aprendizagem: o virtual. Com o mesmo objetivo do laboratório físico, mas com algumas adaptações devido a sua natureza. Assim, foram criados os laboratórios virtuais, sendo seus experimentos e simulações totalmente à distância e tendo total acessibilidade e disponibilidade.

Segundo Moran (SITE) antes destes novos ambientes de aprendizado, o professor se preocupava com o ensino-aprendizagem na sala de aula física. Contudo, com o advento de novas tecnologias, que facilitam a comunicação e o acesso a informação, o educador passou a ter disponível novas ferramentas para auxiliar na construção do conhecimento do aluno. Em vista desta gama de possibilidades surge o questionamento: Qual seria a utilidade do professor neste novo panorama, onde os alunos têm a informação ao alcance de um clique?!


Papel do Professor nesse ambiente...

Com as novas práticas de ensino e uma educação multifacetada, a reflexão do papel do professor neste meio torna-se inevitável. Segundo Teles (2009) em ambientes virtuais, o planejamento e a organização realizada pelo professor têm uma importância significativa no processo de ensino-aprendizagem e no modo pelo qual isto se reflete nos alunos, pois os ambientes virtuais não são naturalmente colaborativos, eles dependem de um profissional que oriente e incentive os trabalhos a serem realizados, fazendo com que haja a interação entre os alunos (TELES, 2009; MASETTO 2000). Berge (1995) em sua pesquisa classificou em quatro categorias o papel do professor no ambiente online, sendo elas: pedagógica, gerenciamento, suporte técnico e suporte social.

Sendo assim, o professor que anteriormente posicionava-se de forma a reproduzir seu conhecimento, com as exigências e atualidades, transforma-se em mediador do conhecimento, interagindo e intermediando o processo de aprendizagem.

A reportagem apresentada a seguir trás a professora pesquisadora Rosa Doran, formada em Física pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Mestrado em Altas Energias e Gravitação, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com especialização no estudo de Buracos Negros. Que desenvolve em seu doutoramento no Ensino das Ciências na Universidade de Coimbra, o projeto Go-lab (Global Online Science Labs for Inquiry) com o objetivo de enriquecer a aprendizagem das ciências introduzindo nas salas de aula a possibilidade de utilização de laboratórios online (remotos e virtuais). http://webinar.dge.mec.pt/2014/03/27/laboratorios-online-e-comunidades-virtuais/


Informação não é conhecimento??!!

Voltamos então aos laboratórios virtuais com um olhar especial para os experimentos Remotos e Virtuais. Sem a orientação e a mediação por parte do professor, os alunos encontram em suas mãos apenas as ferramentas para o aprendizado, todavia sem as instruções de como utilizá-las. O professor, neste contexto, passa a exercer um papel fundamental na formação de conceitos através de experimentos que viabilizam a aprendizagem, instigando o aluno e colocando-o em situações-problemas as quais o mesmo poderá encontrar futuramente no exercer de sua profissão, auxiliando-o na obtenção da solução e, assim, resultando em conhecimento.


Experiências X Aprendizado

A escolha desse tema foi motivada na experiência vivenciada em uma disciplina do curso de Pós Graduação Educação em Engenharia e Ensino de Ciências e Matemática promovido pela UEGRS. Na qual foi desenvolvida uma pesquisa quantitativa, visando investigar o aprendizado dos alunos de 1° Ano do Ensino Médio em uma escola na cidade de Alvorada /RS – Brasil, na concepção de experimentos com o simulador Circuit Construction Kit (AC + DC) – Phet Interactive desenvolvido na Universidade do Colorado como recurso de aprendizagem. Nas figuras X e Y aparecem a plataforma deste laboratório.


A motivação para a aplicação deste laboratório virtual de construção de um circuito elétrico é a grande dificuldade dos alunos do ensino médio em compreender noções básicas de eletricidade, que normalmente são questões presentes nos vestibulares das universidades. Muitas vezes, devido a precariedade dos laboratórios de muitas escolas brasileiras nem sempre é possível desenvolver aulas práticas para uma melhor assimilação deste conteúdo por parte do aluno.

A seleção do local para a aplicação do estudo foi devido a facilidade de acesso a mesma, uma vez que uma das autoras era professora nesta escola. E como requisito para a seleção da turma foi a de que esta não possuísse conhecimentos prévios sobre o assunto.

O referencial teórico utilizado na pesquisa desenvolvida foi baseado na teoria da inclusão de D. Ausubel, onde o aprendizado é um processo ativo, aprimorado através dos conhecimentos prévios do indivíduo, sendo transformado em uma nova informação. “Os materiais de instrução devem tentar integrar o material novo com a informação anteriormente apresentada por meio de comparações e referências cruzadas de idéias novas e antigas” (Ausubel, 1978, p.41). Tendo como questão norteadora:

“A utilização de experimentos remotos ou virtuais potencializam o aprendizado?”

O grupo pesquisado constituía-se de quatorze alunos com idade média de 15 anos. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário com questões abertas e fechadas com o objetivo avaliar o nível de compreensão inicial que os alunos tinham do conteúdo abordado neste estudo. Após a aplicação do questionário, os participantes foram orientados a utilizarem, no laboratório virtual, o simulador de circuito seguindo um roteiro de atividades. A interação dos alunos com o simulador de circuito foi acompanhada durante a realização da atividade sem que houvesse interferência do professor. Ao final da atividade, o grupo avaliou a utilização do simulador como ferramenta de aprendizagem através de uma roda de conversa.

As questões que foram aplicadas aos alunos tinham como premissa avaliar o desenvolvimento de conhecimentos e noções teóricas, não simplesmente a resolução de cálculos. As figura X e figura Y apresentam algumas das questões aplicadas aos alunos.



Nas atividades realizadas no laboratório percebemos que, alguns alunos tiveram dificuldades na montagem do material solicitado mesmo com o roteiro em mãos, a exploração do simulador, em alguns momentos, também se tornou mais atraente do que as atividades sugeridas, no entanto, muitos dos alunos relacionaram a proposta de aprendizagem com elementos do seu dia a dia, relatando casos e justificando as causas do ocorrido, levantando hipóteses em alguns momentos. Contudo, entre as situações apresentadas, o que se destacou foi à dificuldade que os alunos encontraram em realizar uma atividade sem o auxilio do professor ou monitor, não só por dificuldades encontradas, mas por ter uma dependência física e a necessidade do acerto,visando não a exploração do conhecimento para a construção de novos conceitos, mas a acomodação em uma resposta certa.

O resultado deste estudo mostrou a existência da necessidade da presença do "professo mediador" durante o desenvolvimento da atividade para que o processo de aprendizado fosse significativo. A ausência de intervenção/mediação do professor durante o desenvolvimento da atividade fez como que os alunos, mesmo munidos com informações (roteiro) e ferramentas (simulador de circuito), ao final da atividade, não se apropriassem do conhecimento proposto pela atividade, tornando o laboratório virtual irrelevante no processo de aprendizagem.

Segundo Ausubel (1982) a laboração do professor é amparar o aluno, mediante a aquisição de novos significados, na assimilação e reorganização de sua estrutura cognitiva. Assim, fica evidente a importância da preparação do professor para o êxito da aplicação do laboratório virtual como ferramenta de aprendizagem. O professor deve preparar e orientar o aluno para a utilização do laboratório, mostrar como o mesmo se correlaciona com o conteúdo. Todavia, tais habilidade exigem o domínio por parte do professor não apenas do conteúdo, mas também da própria ferramenta (laboratório virtual).

Consequentemente, não somente a mediação é necessária como também o planejamento, a organização das atividades e o gerenciamento do tempo, são fatores importantes que podem vir a comprometer o processo de ensino-aprendizagem.

Os aspectos, aqui apresentados, deixam em aberto questões para pesquisas futuras, propondo os seguintes questionamentos:


“Os laboratórios virtuais e remotos são ferramentas essenciais no processo de ensino- aprendizagem ?”


“Os experimentos online são necessários, mas são o suficiente?”


“As atividades mediadas por um professor têm mais eficácia em alunos presenciais do que as atividades mediadas por um tutor?”






 
 
 

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